sábado, 17 de março de 2012

Na Luz a Prumo









Se as mãos pudessem (as tuas,
as minhas) rasgar o nevoeiro,
entrar na luz a prumo.
Se a voz viesse. Não uma qualquer:
a tua,e na manhã voasse.
E de júbilo cantasse.
Com as tuas mãos,e as minhas,
pudesse entrar no azul,qualquer
azul: o do mar,
o do céu,o da rasteirinha canção
de água corrente. E com elas subisse.
(A ave,as mãos,a voz.)
E fossem chama. Quase.


Eugénio de Andrade

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