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País de Abril é o sítio do poema. Não fica nos terraços da saudade não fica nas longas terras. Fica exactamente aqui tão perto que parece longe. Tem pinheiros e mar tem rios tem muita gente e muita solidão dias de festa que são dias tristes às avessas é rua e sonho é dolorosa intimidade. Não procurem nos livros que não vem nos livros País de Abril fica no ventre das manhãs fica na mágoa de o sabermos tão presente que nos torna doentes sua ausência. País de Abril é muito mais que pura geografia é muito mais que estradas pontes monumentos viaja-se por dentro e tem caminhos veias - os carris infinitos dos comboios da vida. País de Abril é uma saudade de vindima é terra e sonho e melodia de ser terra e sonho território de fruta no pomar das veias onde operários erguem as cidades do poema. Não procurem na História que não ven na História. País de Abril fica no sol interior das uvas fica à distância de um só gesto os ventos dizem que basta apenas estender a mão. País de Abril tem gente que não sabe ler os avisos secretos do poema. Por isso é que o poema aprende a voz dos ventos para falar aos homens do País de Abril. Mais aprende que o mundo é do tamanho que os homens queiram que o mundo tenha: o tamanho que os ventos dão aos homens quando sopram à noite no País de Abril. Manuel Alegre |
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