sexta-feira, 23 de maio de 2014

segunda-feira, 5 de maio de 2014

CUMPLIDADES | Almeirim | 16 maio 21:00

Vamos voltar a Almeirim...
Cumplicidades - um recital poético musical a não perder!
Deixe-se contagiar pela magia da música e da POESIA!
16 maio | 21:00
Biblioteca Municipal 

domingo, 27 de abril de 2014

Cumplicidades | Lousã | 8 maio | 21:30 | Museu Álvaro Viana de Lemos

Cumplicidades |recital poético musical solidário
Lousã | 8 de maio | 21:30 | 
Museu Álvaro Viana de Lemos

Impressão digital











Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandescente.

Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.


António Gedeão

Os medos








É a medo que escrevo. A medo penso,
A medo sofro e empreendo e calo.
A medo peso os termos quando falo.
A medo me renego, me convenço.
A medo amo. A medo me pertenço.
A medo repouso no intervalo
De outros medos. A medo é que resvalo
O corpo escrutador, inquieto, tenso.
A medo durmo. A medo acordo. A medo
Invento. A medo passo, a medo fico.
A medo meço o pobre, meço o rico.
A medo guardo confissão, segredo,
Dúvida, fé. A medo. A medo tudo.
Que já me querem cego, surdo e mudo.
José Cutileiro, “Os medos” in Versos da mão esquerda, 1961.

Explicação do País de Abril

PDFImprimire-mail
País de Abril é o sítio do poema.
Não fica nos terraços da saudade
não fica nas longas terras. Fica exactamente aqui
tão perto que parece longe.

Tem pinheiros e mar tem rios
tem muita gente e muita solidão
dias de festa que são dias tristes às avessas
é rua e sonho é dolorosa intimidade.

Não procurem nos livros que não vem nos livros
País de Abril fica no ventre das manhãs
fica na mágoa de o sabermos tão presente
que nos torna doentes sua ausência.

País de Abril é muito mais que pura geografia
é muito mais que estradas pontes monumentos
viaja-se por dentro e tem caminhos veias
- os carris infinitos dos comboios da vida.

País de Abril é uma saudade de vindima
é terra e sonho e melodia de ser terra e sonho
território de fruta no pomar das veias
onde operários erguem as cidades do poema.

Não procurem na História que não ven na História.
País de Abril fica no sol interior das uvas
fica à distância de um só gesto os ventos dizem
que basta apenas estender a mão.

País de Abril tem gente que não sabe ler
os avisos secretos do poema.
Por isso é que o poema aprende a voz dos ventos
para falar aos homens do País de Abril.

Mais aprende que o mundo é do tamanho
que os homens queiram que o mundo tenha:
o tamanho que os ventos dão aos homens
quando sopram à noite no País de Abril.



Manuel Alegre

sábado, 12 de abril de 2014

Cumplicidades | 23 | Abril | 21:00 Biblioteca Municipal de Almeirim


























ABRIL, 40 anos depois... Comemorando o Dia do Livro, dos Direitos de Autor, a POESIA e a LIBERDADE através das palavras e da música.
Biblioteca Municipal de Almeirim
23 | abril | 21:00

terça-feira, 25 de março de 2014

Dia da Poesia, em Mértola, foi assim...

Partilhámos palavras, música e emoções, respirámos o perfume dos livros, num espaço acolhedor, cheio de História e de Poesia... 
Foi mais um serão de Cumplicidades, na biblioteca de Mértola, com um público especial e um estendal de poemas mesmo à mão de levar para casa...
O nosso agradecimento à Drª Isabel Martins e à Câmara de Mértola pelo convite.





Noite de Poesia em Mação | 28 março | 21:00 | Centro Cultural


domingo, 16 de março de 2014

Almada Negreiros


Nós não somos do século de inventar palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas.

Almada Negreiros
Capital

Casas, carros, casas, casos.
Capital
encarcerada.
Colos, calos, cuspo, caspa.
Cautos, castas. Calvos, cabras.
Casos, casos... Carros, casas...
Capital
acumulado.
E capuzes. E capotas.
E que pêsames! Que passos!
Em que pensas? Como passas?
Capitães. E capatazes.
E cartazes. Que patadas!
E que chaves! Cofres, caixas...
Capital
acautelado.
Cascos, coxas, queixos, cornos.
Os capazes. Os capados.
Corpos. Corvos. Copos, copos.
Capital,
oh! capital,
capital
decapitada!

David Mourão Ferreira

Nada pode ser mais complexo que um poema - Herberto Helder

nada pode ser mais complexo que um poema, 
organismo superlativo absoluto vivo, 
apenas com palavras, 
apenas com palavras despropositadas, 
movimentos milagrosos de míseras vogais e consoantes, 
nada mais que isso, 
música,
e o silêncio por ela fora 


Herberto Helder


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Manuel da Fonseca | Amigo



 Amigo
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda,amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha
abre os braços e luta!
Amigo,
Antes da morte vir
nasce de vez para a vida.

Manuel da Fonseca
                                                                                                     

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Diálogos, em Mértola, com público escolar...

Em Mértola, no final do espetáculo, distribuíram-se quadradinhos de poesia "para ler ao deitar, ao levantar ou nas restantes horas de tristeza..." com diz o poeta...

 

Diálogos - espetáculo para público escolar em Mação

Estivemos em Mação, com alunos de 3º ciclo...
Partilhámos palavras, emoções... numa sala cheia de poetas.







Miopias - fotos do espetáculo

Em Lisboa, no dia 29 de janeiro, no auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro... miopia rimou com utopia...

O público aceitou o desafio e subiu ao palco...