sábado, 30 de novembro de 2013

Diálogos - poesia e música...

A escola cruzou-se com a poesia, no Cine-teatro Marques Duque, em Mértola.
Poesia, música, diálogos, cumplicidades ...
É sempre tão bom partilhar emoções!



                            Feira do Livro de Mértola - novembro 2013

O Buraco da Fechadura - contos com música...

Olhos e ouvidos bem abertos...a história vai começar!


                                  Feira do Livro de Mértola - novembro 2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Sophia de Mello Breyner















Tu dormes embalado nos rochedos
E aos meus ouvidos vem falar o vento.
Escuto, busco, chamo e não respondes,
E todo o mundo se tornou fantasma.

Estou fechada, suspensa, prisioneira
Queria voltar para fora, para o dia
Ressurgir, respirar, tornar a ver,
Mas todo o mundo se tornou fantasma.

E a voz do mar encheu o céu e a terra
Uma voz que está cheia e que se quebra
E nunca mais acaba.

Pássaros brancos cortam as janelas,
Anémonas cintilam nos rochedos:
Terror de estar sozinha e de escutar
Com este tempo morto entre os meus dedos.


Sophia de Mello Breyner Andresen, in CORAL (1950)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Esta Gente - Sophia de Mello Breyner


















Esta gente cujo rosto 
Às vezes luminoso 
E outras vezes tosco 

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Geografia"