quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cantar de Emigração - Adriano Correia de Oliveira

Hoje, como ontem...
Voltamos a ser um país de emigrantes...

Zeca Afonso - Canção do Desterro (Emigrantes)

A Palavra - António Ramos Rosa




A Palavra










Eleva-se entre a espuma, verde e cristalina 
e a alegria aviva-se em redonda ressonância. 
O seu olhar é um sonho porque é um sopro indivisível 
que reconhece e inventa a pluralidade delicada.
Ao longe e ao perto o horizonte treme entre os seus cílios.

Ela encanta-se. Adere, coincide com o ser mesmo
da coisa nomeada. O rosto da terra se renova.
Ela aflui em círculos desagregando, construindo.
Um ouvido desperta no ouvido, uma língua na língua.
Sobre si enrola o anel nupcial do universo.

O gérmen amadurece no seu corpo nascente.
Nas palavras que diz pulsa o desejo do mundo.
Move-se aqui e agora entre contornos vivos.
Ignora, esquece, sabe, vive ao nível do universo.
N
a sua simplicidade terrestre há um ardor soberano.


António Ramos Rosa